quinta-feira, 24 de junho de 2010

Saramago amava as florestas

Em 25 de outubro de 2005, José Saramago lançou o primeiro livro impresso em papel e gráfica com certificação FSC no Brasil, "As Intermitências da Morte". O FSC, Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, tem o único sistema de certificação independente que adota padrões socioambientais internacionalmente de manejo florestal.

José Saramago autografa seu livro "As Intermitências da Morte". ©Greenpeace/Rodrigo Baleia

Para o lançamento dessa então nova obra, o escritor, primeiro de língua portuguesa a receber o prêmio Nobel de Literatura em 1998, pediu pessoalmente a suas editoras em todo o mundo que seguissem normas ambientalmente adequadas para produzí-la.

No mesmo dia, Saramago divulgou seu apoio à campanha de proteção da Amazônia do Greenpeace. O Greenpeace encoraja a indústria editorial em diversos países a deixar de usar papel cuja produção acarrete a destruição das florestas e a adotar práticas social e ambientalmente adequadas na utilização de produtos florestais, como o uso de papel reciclado ou certificado pelo FSC.

A iniciativa de Saramago representou um importante passo para o mercado editorial diminuir o impacto no desmatamento, estimulado pela demanda de papel para a produção do setor. Sua morte representa uma perda para a literatura e para as florestas.

José Saramago nasceu em Portugal, em 1922, e tornou-se um dos mais importantes escritores do mundo. Escreveu, entre outros, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento e Ensaio sobre a Cegueira. Sempre preocupado com as causas sociais, nos últimos anos contribuiu com o movimento socioambiental.

O Código da Motosserra

Um novo Código Florestal para o Brasil está em debate em uma comissão especial da Câmara e deve ser votado na próxima segunda-feira, dia 21 de junho. O texto, elaborado por uma bancada ruralista e apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), acaba com a função social das propriedades rurais, concede anistia sem critério para quem já desmatou e coloca na mão do contribuinte a obrigação de pagar pela conservação ambiental.

Não satisfeito, dá livre aval para que o fazendeiro faça o que bem lhe der na telha nas terras que ocupa, reduz dramaticamente a Reserva Legal, limita ainda mais as APP´s e transfere para mão dos estados – e até mesmo municípios – o poder de ditar regras locais, ao sabor de interesses políticos, sobre tudo que diz respeito a nossas florestas.

“O projeto do Aldo Rebelo é o Código do desmatamento. Ele dá mil oportunidades para a derrubada de florestas, e de quebra entrega para Estados e Municípios um poder perigoso, que pode ser usado como barganha política, e que de forma alguma vai garantir a proteção do meio ambiente”, diz Rafael Cruz, Coordenador da Campanha de Código Florestal.

O fim da função social

A ferida é aberta logo no primeiro artigo da nossa legislação florestal, que desde 1934 garante que as florestas brasileiras são bens de interesse público. O Código Florestal que temos hoje, através de seus mecanismos legais, exige que toda propriedade rural, que usa um pedaço de terra do país, cumpra uma função social: a de produzir e ainda assim preservar a riqueza comum a todos – as florestas.

Para garantir este direito, o Código estipula Áreas de Preservação Permanente (APP), como margens de rios, topos de morros e encostas que têm função de estabilizar o solo e guardar fontes de água e as Reservas Legais, pedaços de mata nativa que devem ser resguardados dentro das áreas produtivas para a proteção da biodiversidade. Além disso, garante a punição para crimes ambientais e as compensações para as florestas que já foram desmatadas.

Retrocedendo em 76 anos de evolução da nossa legislação ambiental, o novo texto passa a motosserra com força total sobre as Áreas de Preservação Permanente. Deixam de contabilizar como APP as várzeas (áreas alagadiças às margens de rios que protegem contra assoreamentos), a vegetação de restinga e os topos de morro. Já as encostas ficam na mão da bondade, rara, dos órgãos de pesquisa agropecuária estaduais, que definirão se valem, ou não, serem resguardadas.

Para diminuir ainda mais sua obrigação de preservar, o proprietário poderá computar toda a extensão de APP de sua fazenda como Reserva Legal. Basta fazer um simples cadastro no órgão estadual com a solicitação. A regra vale até para aqueles que já estão dentro do Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE), programa estadual que coordena a recuperação de Reserva Legal desmatada e que, de antemão, já reduz os percentuais da mata a ser reflorestada.

Não satisfeitos com o pouco que sobra de área preservada, a proposta estipula ainda mudança no cálculo de APP em margem de rio. Ao invés de, como hoje, ser feito com base na época em que o leito de água está cheio, será feito com base na seca. Para o Pantanal, por exemplo, que chega a ter 90% de sua área alagada reduzida na época da seca, a perda de extensão de APP será drástica.

Propostas irreais

Quando o assunto é Reserva Legal, a nova proposta claramente não condiz com a realidade brasileira. Ela define que áreas menores de quatro módulos fiscais (cerca de 400 hectares no caso da Amazônia) ficam isentas de preservar mata nativa, sem levar em conta que pouquíssimas propriedades rurais no Brasil têm registro (na Amazônia, por exemplo, o número de propriedades registradas beira os 5%), ou que os sistemas de registro não funcionam.

No Pará, por exemplo, estudos recentes mostram que, somadas as áreas rurais registradas chegam a três vezes a área do Estado. Nada impede que propriedades sejam fracionadas em cartório, transformando uma fazenda de quatro mil hectares em dez de 400, cada uma em nome de um dono diferente.

Sem nenhuma justificativa, o texto transforma parte do bioma Cerrado em Formação Campestre, o que diminui a obrigatoriedade de preservação de 35% para 20%. Depois, declara que também estão isentos de preservar Reserva Legal os empreendimentos de interesse público, embora não especifique o que, nem quem definirá que empreendimentos entram neste critério. Propriedades para fim de assentamento fundiário, por exemplo, estão liberadas de preservação independente de sua extensão.

O pouco que sobra para reposição florestal também fica a perigo. O texto abre brecha para a invasão de espécies exóticas em lugar de nativas, sem necessidade de comprovação de que aquelas tragam qualquer benefício para a região. O tipo de plantio que vale como recuperação de área desmatada também fica em aberto. Na prática, qualquer coisa pode valer, desde árvores, até cana-de-açúcar e soja.

Em mãos erradas

De olho em tornar a lei ambiental mais flexível e permissiva, a proposta ruralista transfere para a mão dos estados – e até mesmo municípios, a palavra final sobre nossas florestas. Do ponto de vista técnico, as regras federais são gerais e cabe aos Estados serem mais restritivos.

A proposta segue o caminho oposto, sujeitando a legislação ambiental do país aos interesses políticos locais. Floresta não conhece divisão administrativa de Estado. Além disso, falta capacidade operacional de fiscalização e análise técnica nas instâncias estaduais, por isso mesmo a tarefa cabe ao governo federal. Ainda assim, pelo novo texto, passa aos estados a tarefa de decidir sobre quem deve preservar, o quanto, onde e até mesmo se deve preservar.

Para realizar a mágica do vale tudo, os ruralistas criaram o Programa de Regularização Ambiental (PRA), que reúne, sob comando de cada estado, as normas de adequação das propriedades rurais à lei. É o Programa quem definirá, por exemplo, em que áreas deverão ser realizadas as compensações de floresta desmatada, embora o texto não especifique limites para estas compensações, que podem ser feitas, basicamente, em qualquer lugar à escolha do agricultor.

O PRA tem nas mãos também o poder de conceder anistia total aos proprietários rurais que infringirem a lei ambiental, como se a perda da floresta fosse um problema do produtor, não da sociedade. Tudo que foi desmatado até julho de 2008, data da aprovação da Lei de Crimes Ambientais, deixa de configurar crime. Daí para frente, é o PRA que decide se exime os proprietários de serem punidos, pagarem multas, ou recuperarem as áreas desmatadas.

Os estados têm cinco anos para implementar o PRA, tempo que pode ser estendido por mais cinco. Até lá, o agricultor fica liberado para, ao seu critério, fazer o que bem entender em sua terra. Caso o prazo do PRA se estenda por mais de dez anos, os proprietários devem - voluntariamente - se apresentar às Secretarias Ambientais para regularizar suas pendências.

O liberou geral inclui até os municípios. Pelo novo texto, eles podem interferir, por exemplo, na definição do que é uma propriedades rural dentro do seu limite e transformá-la em um imóvel urbano. Assim, sob decreto municipal, qualquer área considerada como de interesse social para a população também perde a obrigatoriedade de preservar mata nativa.

“É uma proposta inaceitável. Em tempos de crise climática batendo à nossa porta, o que nos obriga a construir uma nova economia no futuro próximo, o código sugerido por Aldo Rebelo e a bancada ruralista é algo fora de lugar, fora de contexto. Ou a sociedade se mobiliza para brecar esse absurdo, ou o Brasil vai se tornar o maior exemplo de retrocesso ambiental no mundo de hoje”, concluiu Rafael Cruz.

Nota sobre competitividade agrícola

Recentemente lançado nos Estados Unidos, o estudo “Fazendas aqui, florestas lá”, patrocinado pela organização National Farmers Union (União Nacional de Fazendeiros), principal sindicato rural norte-americano, e apoiado pela Avoided Deforestation Partners (Parceiros pelo Desmatamento Evitado) – uma aliança informal de pessoas e organizações que defendem o fim do desmatamento no mundo, foi feito para promover a aprovação da lei de mudanças climáticas, em tramitação no Senado americano. Um dos dispositivos desse projeto de lei prevê a possibilidade de que grandes poluidores norte-americanos possam compensar suas emissões de gases do efeito estufa, financiando a proteção de florestas em países tropicais. É o caso da Indonésia e do Brasil, onde o desmatamento torna esses dois países o terceiro e o quarto maiores poluidores do clima no planeta, respectivamente.

Elaborado com a intenção de convencer parte da bancada republicana – contrária à lei – a mudar de posição, sobretudo a pertencente a estados com grande produção agropecuária, o estudo defende que o investimento em mecanismos de desmatamento evitado em países tropicais elevaria os ganhos da agricultura norte-americana, não só diminuindo os custos com a mudança de tecnologia para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, mas, sobretudo, afastando a competição de produtores rurais desses países, que hoje competem diretamente com os americanos pelos mercados de commodities agrícolas. Segundo o estudo, os ganhos poderiam alcançar US$ 270 bilhões entre 2012 e 2030 só com a diminuição da competição dos países tropicais.

Em função dessa conclusão infundada, esse estudo vem sendo usado, nos últimos dias, por diversos parlamentares e lideranças ruralistas brasileiros para defender a tese de que a proteção de florestas no Brasil é algo que contrariaria o interesse nacional. Com isso, querem justificar a necessidade de aprovação de um projeto de lei que altera dramaticamente a legislação florestal brasileira. Nessa história, no entanto, estão enganados os ruralistas norte-americanos e os brasileiros.

Em primeiro lugar o estudo, que desconhece a realidade brasileira, é equivocado ao assumir que o fim do desmatamento por aqui significaria paralisar a expansão da produção de commodities agrícolas a preços competitivos. Segundo dados da Universidade de São Paulo/Esalq, temos pelo menos 61 milhões de hectares de terras de elevado potencial agrícola hoje ocupadas por pecuária de baixa produtividade e que podem ser rapidamente convertidas em áreas de expansão agrícola. Com o fim da expansão horizontal da fronteira agrícola, há forte tendência de valorização da terra e de substituição dos sistemas de produção agropecuária de baixa produtividade (que garimpam os nutrientes e degradam o meio ambiente) por sistemas de produção mais intensivos e com maior produtividade. Estudos da Embrapa mostram que há um cenário ganha-ganha quando se incorpora tecnologias (recuperação de áreas de pastagens degradadas, agricultura com plantio direto, sistemas integrados de lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta) nas áreas atualmente ocupadas com agricultura e pecuária, aumentando a produção, reduzindo custos e emissões de gases do efeito estufa. No caso do Brasil, onde 4/5 das terras agricultáveis são ocupadas por pastagens, tais ganhos são especialmente expressivos - de forma que poderíamos dobrar nossa produção de alimentos sem ter que derrubar novas áreas de floresta e ainda recuperando aquelas áreas onde o reflorestamento se faz necessário por seu potencial de prover serviços ecossistêmicos.

Portanto, o aumento da produção agrícola não passa necessariamente pelo aumento ou continuidade do desmatamento, como quer fazer crer o estudo norte-americano. Os produtores competitivos não são os que usam métodos do século XVIII, grilando terras públicas, desmatando e usando mão de obra escrava e sonegando impostos. Pelo contrário, são os que investem em tecnologia e mão de obra qualificada para o bom aproveitamento de terras com infraestrutura adequada. Por essa razão até mesmo a Confederação Nacional da Agricultura – CNA, afirma que não é mais necessário desmatar para aumentar e fortalecera produção agropecuária brasileira.

Não devemos esquecer que a preservação e a recuperação de florestas no Brasil interessam, antes de tudo, a nós mesmos. O fornecimento de produtos florestais, a regulação das águas e do clima, a manutenção da biodiversidade, são todos serviços ambientais prestados exclusivamente pelas florestas e indispensáveis à sustentação da agropecuária nacional.


Frente a isso, repudiamos não só as conclusões do estudo norte-americano, como a tentativa de usá-lo para legitimar propostas que, essas sim, atentam contra o interesse nacional, ao permitir o desmate de mais de 80 milhões de hectares e a anistia definitiva para aqueles já ocorridos, o que coloca em cheque a possibilidade de cumprirmos com as metas assumidas de redução de emissões de gases de efeito estufa e recuperar a oferta de serviços ambientais em regiões hoje totalmente desreguladas, algumas inclusive em desertificação. Aumentar a produção agropecuária com base no desmatamento de novas áreas é uma lógica com data marcada para acabar, tão logo os recursos naturais se esgotem e o clima se modifique. Não podemos, nesse momento em que o Código Florestal pode vir a ser desfigurado pela bancada ruralista do Congresso Nacional, nos desviar da discussão que realmente interessa ao país, que é saber se precisamos ou não das florestas para o nosso próprio bem-estar e desenvolvimento.

Muito segredo por nada

A previsão para o encontro anual do Comitê Internacional da Baleia (CIB), este ano em Agadir, no Marrocos, é de iminente fracasso. Após dois dias de reuniões a portas fechadas, nas quais absolutamente nada foi decidido, os representantes dos 89 países membros do comitê já cogitam deixar para o ano que vem o destino de cachalotes, baleias-fin e azuis, caçadas sem piedade por Japão, Noruega e Islândia.

Na mesa de discussão está um acordo proposto em maio deste ano por um grupo de estudos dentro da própria CIB, que estipula cotas de caça comercial de baleia para os três países, com a promessa de gradativa diminuição dos valores nos próximos dez anos. A proposta quebra uma moratória de caça estipulada há 24 anos pela CIB.

Mesmo com 2600 animais dentro da cota do arpão, Japão, Noruega e Islândia continuam insatisfeitos com a possibilidade de colocar um ponto final ao seu programa baleeiro em um período estimado de tempo. Graças a uma brecha na regulação da Moratória, os três países empreendem uma matança de cerca de mil indivíduos por ano, sob o rótulo de caça científica.

A verdade, no entanto, passa longe da ciência. No Japão, os navios de pesquisa usam a carne das baleias como insumo de contrabando e enriquecimento ilícito, em um processo que envolve o governo e os órgãos reguladores de pesquisa. Dois ativistas do Greenpeace, Junichi Sato e Toru Suzuki, denunciaram o esquema ilegal e, há dois anos, enfrentam um processo penal inescrupuloso no país.

Os escândalos não param por aí. O Japão esteve recentemente sob os holofotes da mídia internacional por suborno e compra de votos de países dentro da CIB como tentativa de barrar qualquer acordo. Apesar de tantas denúncias, a estratégia parece ter dado certo. O encontro anual, além de ringue entre países que consideram que a CIB é um comitê regulador do comércio e aqueles que acham que deve se tornar um órgão conservacionista, pouco teve a acrescentar em favor dos animais.

“Se adiarem os acordos para a outra reunião, teremos mais um ano de sangue de baleia derramado por Japão, Noruega e Islândia. Os governantes presentes na CIB deveriam estar envergonhados de reunirem-se a portas fechadas para esconder as mesmas chantagens e negociatas que condenam há anos o futuro de cetáceos no mundo”, diz Junichi Sato.

Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Oceanos no Brasil, afirma que a única cota que o Greenpeace aceita é a zero: “Apesar da redução, nós consideramos a Antártica um local de preservação de baleias, destinado apenas para a paz e a ciência.” diz. “O Greenpeace é contra qualquer cota de caça comercial de baleias no Santuário de Baleias Antártico, criado em 1994 pela própria CIB com o objetivo de proteger as espécies”, conclui.

Bayer joga a toalha

A Bayer CropScience retirou hoje o pedido de plantio e venda do arroz transgênico Liberty Link (LL62) à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Com isso, fica suspensa, pelo menos por enquanto, a entrada da variedade geneticamente modificada no mercado brasileiro. O anúncio da decisão ocorrerá oficialmente amanhã durante a plenária da CTNBio, a ser realizada em Brasília.

Há mais de 15 meses em pauta, a liberação do arroz transgênico LL62 é um pedido da Bayer, empresa química alemã que produz farmacêuticos, agrotóxicos e sementes transgênicas, entre outros. Se fosse aprovado, o Brasil seria o primeiro país do mundo a produzir e consumir arroz transgênico.

“Tentar empurrar uma variedade transgênica goela abaixo do brasileiro é um desrespeito. Ninguém quer esse arroz”, afirma Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace Brasil. Até hoje não foram apresentados estudos que garantam a segurança da saúde humana, da biodiversidade e do ambiente com a introdução dessa variedade.

A Bayer divulgou em seu site uma nota esclarecendo a retirada. Alegou a “necessidade de ampliar o diálogo com os principais integrantes da cadeia de produção no Brasil”. Bem sabemos que, na realidade, os produtores não mudaram a sua posição inicial contrária a variedade.

Em audiências públicas anteriores, promovidas pela CTNBio, a posição dos produtores era clara e pesquisadores da Embrapa também apontavam que a variedade não traria vantagem alguma. A Federarroz, entidade que representa produtores de arroz do Rio Grande do Sul, que produzem cerca de 70% do arroz brasileiro, ressaltou que o arroz transgênico representa um risco para as exportações brasileiras. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) também se posicionou contrária.

“Do jeito que a Bayer se esforça para aprovar esse arroz, mesmo com toda a controvérsia envolvida, eles podem colocar o pedido de novo na pauta da CTNBio. Vamos acompanhar de perto”, completa Iran.

O histórico da Bayer com o arroz geneticamente modificado não é dos melhores. Três variedades de arroz transgênico cultivadas em campos experimentais contaminaram, em 2006, os estoques nos Estados Unidos, com impacto negativo na indústria de arroz americana, que viu os mercados internacionais fecharem as portas para o seu produto.

domingo, 20 de junho de 2010

Policial que atirou em cachorro é condenado na BA

Um policial rodoviário que atirou em um cachorro de rua, há cerca de um ano, em Salvador terá que comprar 50 quilos de ração durante doze meses para uma associação de animais. Ele ainda vai ter que pagar R$2.500 ao veterinário que atendeu o animal. O agressor alega que se assustou com os latidos.

Outro caso parecido pode ser julgado hoje. O policial militar Wellington Sena Mariano, que atirou em um cachorro, no centro da capital baiana em outubro de 2008, responde por crime ambiental e maus tratos.

O cachorro baleado acompanhava um sem teto que dormia na escadaria da câmara legislativa. O policial afirma que foi atacado pelo animal. Já na versão da advogada Ana Rita Tavares, que presenciou o fato, o militar foi agressivo com o morador de rua e, por isso, o cão reagiu.

Nos dois casos, os cães sobreviveram.

Fonte: eBand

Autoridades ignoram morte de mais de 60 gatos no cemitério do Araçá, em SP Autor(a): Fernanda Franco

Permanece um silêncio tenso no cemitério do Araçá, em SP. Conforme denúncia, protetoras que frequentam diariamente o local para resgatar e cuidar dos vários felinos que vivem ali afirmam que mais gatos estão desaparecendo.

“Tenho observado que os gatinhos mais velhos permanecem e os mais novos estão sumindo, e de muitos deles nem os corpos nós encontramos”, diz Rosely Cometti. A protetora relata que todos os dias dá falta de mais gatos no cemitério: “do lado que eu cuido, eram uns 80 gatos, restam agora apenas uns 12”, afirma.

Dezenas de gatos já foram vítimas desse ato criminoso. “Nossa luta se iniciou no final de abril, quando comecei a sentir falta de vários gatos”, conta Rosely.

Protetoras relatam descaso das autoridades

No decorrer desse período, a protetora diz ter acionado várias autoridades e procurado ajuda de diversas formas. “Entrei em contato com a Prefeitura de São Paulo, com a sra. Rita de Cássia, da PROBEM, e também com a sra. Sandra Regina A.G.B.Tavares, da COVISA/PROBEM. Fiz um BO na Delegacia do Meio Ambiente e enviei para conhecimento da sra. Rita de Cássia, para que fossem tomadas as devidas providências. No entanto, na delegacia alegaram que nada poderiam fazer por falta de funcionários e, de uma forma geral, absolutamente nada de concreto foi feito até agora. É desanimador”, conta Rosely.

“Todas as vezes que nos dirigíamos ao administrador do cemitério, o sr. Carlos Davi, ele simplesmente dizia que não sabia de nada”, testemunham as protetoras Rosely e Kátia Peeters.

Rosely conta que um dia encontrou um gatinho enfincado em uma lança da porta de um túmulo, com a patinha entrelaçada. Ao informar para o responsável pela administração do cemitério, sr. Davi, ele colocou a culpa nos cães. “Os gatos estão sumindo e o administrador insiste em afirmar que são apenas 5 os gatos desaparecidos”, revolta-se a protetora contra o desdenhoso tratamento dado ao caso.

A protetora Kátia Peeters também está indignada com o descaso das autoridades. “Tudo nesse cemitério deve ser investigado, inclusive os funcionários. Estamos diante de um crime de maus-tratos previsto pela lei, portanto a polícia está se omitindo e deixando de cumprir com seu papel”, declara ela. “Os criminosos agem à noite, quando não podemos ver, são covardes”, diz Kátia.

Uma equipe do CCZ de São Paulo, liderada pela Dra. Leda Maria Ponte, levou alguns corpos encontrados no local para avaliação toxicológica. No entanto, embora tenha se comprometido em tratar este caso com prioridade, o CCZ ainda não emitiu informações oficiais sobre o resultado dos laudos. Segundo as protetoras, os gatos que foram encontrados mortos não apresentavam nenhum sinal de ferimentos, sendo, portanto, o envenenamento a causa mais provável das mortes.

Apelo à sociedade

“Já fizemos até uma petição para pressionar as autoridades e sensibilizar a sociedade sobre o descaso que estamos enfrentando”, diz Rosely.

As protetoras defendem que o sofrimento desses animais só terá fim quando providências forem efetivamente tomadas. “Precisam colocar câmeras no local, a polícia deveria colocar vigias à noite”, diz Rosely.

Muitos gatos estão sendo vítimas dessa crueldade, e os que sobreviveram até agora estão apavorados.

A pena para este crime contra animais varia de três meses a um ano de reclusão, mas, por enquanto, os criminosos seguem agindo, protegidos pelo descaso e pela não ação das autoridades. Até quando?

Fonte: ANDA

Derretimento de gelo antártico aumenta nível do mar

O derretimento do gelo na região ocidental da Antártida contribui para o aumento em 10% do nível do mar, segundo analistas britânicos, que identificaram a geleira da ilha de Pinos como fonte principal.

Assim assinala um estudo feito pelo Serviço Antártico Britânico (BAS), o Observatório da Terra Lamont-Doherty e o Centro Oceanográfico Nacional (LDEO) publicado no último número da revista científica Nature Geoscience.

Como parte desta pesquisa, os analistas utilizaram um veículo submarino não-tripulado para chegar até a base do gelo flutuante e fizeram medições submarinas, que revelaram a presença de uma base submarina de dimensão entre 300 e 400 metros.

No entanto, nas últimas décadas a geleira foi desligada desta base, o que permitiu transportar gelo em maior velocidade, de acordo com o estudo. Também permitiu que águas quentes oceânicas profundas pudessem fluir sobre a crista submarina e ficassem sob a camada de gelo.

Estas águas quentes, apanhadas sob o gelo flutuante, estão derretendo a camada de gelo, o que está causando o derretimento e aceleração da geleira, indica a pesquisa.

Adrian Jenkins, cientista do BAS que liderou a análise, assinalou que a investigação coloca a dúvida a perda de gelo correspondente à mudança climática ou se é um processo de longo prazo que começou quando a geleira se desligou da base.

"Não sabemos que foi o que iniciou o retrocesso da base, mas sabemos que começou em algum momento antes de 1970", acrescentou.

Fonte: Efe

Data: 20/6/2010 18:55:05

Japão vai à reunião da CBI disposto a negociar caça comercial

O Japão participa da reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI) a ser realizado a partir desta segunda-feira, em Agadir (Marrocos), disposto a negociar uma caça comercial de baleias controlada, a qual vários membros do organismo se opõem frontalmente.

Embora signatário da moratória que em 1986 proibiu a caça de baleias com fins comerciais, o Japão aproveitou o vazio legal que existe sobre a "caça científica" e, com este argumento, mantém um polêmico programa de capturas que escapa do controle da CBI.

Em Agadir se discutirá uma proposta para dar sinal verde para que o Japão cace um certo número de baleias com fins comerciais, sob estrito controle da Comissão Baleeira, em troca de reduzir sua captura no Antártico.

A princípio, o plano apresentado não convence nem Tóquio, que o considera restritivo demais, nem a países como Austrália, que o veem permissivo demais, embora o Japão assegure que está aberto a "negociar".

Fonte: EFE

Data: 20/6/2010 18:56:33

A cruel e vergonhosa caça às baleias já tingiu de vermelho o litoral brasileiro Santa Catarina

De acordo com historiador Vilson Farias, as armações baleeiras eram empreendimentos comerciais de abate de baleias. Tinham alto custo e mão de obra artesanal. Exigiam frotas de navio, fábrica de transformação do óleo e estrutura suficiente para captar e abater a franca.

A perseguição às baleias era feita em lanchas impulsionadas a remo e à vela em alto-mar. Os animais eram arpoados com um arpão rudimentar de ferro batido com farpas e uma haste de madeira, preso à lancha por um cabo. Após arpoada, era comum que a baleia arrastasse a lancha por várias horas, antes de, exausta, morrer.

A morte das baleias podia demorar até 24 horas, quando eram levadas até a praia, e descarnadas à meia-água. Escravos retiravam as fatias de toucinho e derretiam o óleo.

As seis unidades em Santa Catarina funcionaram de 1740 a 1850. Conforme lembra o historiador Fernando Bitencourt, o consumo da carne nunca foi o objetivo das capturas de baleias. Elas foram dizimadas por causa da espessa camada de gordura que reveste o corpo. Derretido, o óleo era destinado a iluminação e lubrificação. As barbatanas eram vendidas para fabricação de espartilhos e utilizadas como liga na produção de argamassas para igrejas e fortalezas.

Segundo o curador do Museu Oceanográfico da Univali, Jules Soto, as carcaças reveladas em Garopaba são do período das armações. Ele afirma com base no descarte empregado.

– Para aliviar o peso da baleia, a primeira coisa que se fazia era cortar a cabeça dela. Depois, era deixada no local, no mar, à meia água. As cabeças eram sempre deixadas juntas no mesmo local.

Paraíba

As águas do litoral paraibano registraram durante mais de 70 anos um duelo covarde entre o homem e os maiores animais vivos na atualidade. Nesse período, os animais saíram perdendo. As tripulações dos barcos da estação baleeira da praia de Costinha, no município de Lucena, caçaram aproximadamente 22 mil baleias, segundo dados Companhia de Pesca do Brasil (Copesbra), empresa nipo-brasileira que administrou a unidade a partir de 1958 até 1987, quando houve a proibição da pesca.

E a matança deve ter sido bem maior, pois antes a empresa havia pertencido a grupos do Brasil, França e Noruega e não existem registros da quantidade de animais capturados.

Enquanto para os defensores das baleias o funcionamento da estação baleeira de Costinha representava uma ameaça de extinção aos vários tipos de baleias que vinham do Pólo Sul em busca de águas quentes do litoral nordestino; para a população de Lucena à caça dos cetáceos (baleias) significava uma importante fonte de renda e emprego, atraindo trabalhadores de várias cidades.

A quantidade de baleias caçadas por temporada variava. Inicialmente eram 300 exemplares capturadas durante a temporada de pesca que ia de julho a dezembro. As cotas foram subindo para 500, 700, 900, chegando até 1,1 mil animais mortos numa única estação. Esses números decaíram pouco antes da proibição da caça à baleia, um reflexo da retração da população desses animais. As espécies mais caçadas foram a Minke, a Sei e Jubarte.

Atualmente, a estação baleeira está abandonada. O cais de madeira onde atracavam os barcos está vazio. O maquinário usado para arrastar os enormes mamíferos continua exposto, sendo deteriorado pelo tempo, parecendo uma vingança da natureza.

A pesca da baleia terminou há 20 anos. Em 18 de dezembro de 1987, a Lei Federal nº 7.643/87, assinada pelo então presidente José Sarney, tornou ilegal à caça aos cetáceos. “Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo das águas territoriais brasileiras”, diz o texto. A pena: 2 a 5 anos de reclusão e multa.

Caça à baleia

A estação de caça à baleia ocorria entre os meses de julho a dezembro. No auge da temporada de pesca a indústria chegava a empregar 600 pessoas, desde tripulantes dos barcos, passando pelo pessoal responsável pelo corte da carne, retirada do óleo, ossos e barbatanas, além do armazenamento e conservação dos produtos.

Porém, o trabalho das tripulações começava algum tempo antes, na preparação dos barcos. Com a chegada do período de caça, o trabalho seguia de domingo a domingo, com as embarcações partindo de Costinha antes do nascer do sol e só retornando à noite.

Outro ex-tripulante de barco baleeiro, José dos Santos, 52 anos, ressalta que durante a permanência em alto mar todos mantinham a vigilância na expectativa de avistar uma baleia, até porque o homem que o fizesse garantia uma premiação extra em dinheiro caso o mamífero fosse capturado. Essa possibilidade aumentava quando se estava de vigia no mastro. Ele recorda que numa única temporada cerca de 900 baleias foram caçadas.

O professor, jornalista e fotógrafo Arion Farias, que acompanhou em duas ocasiões na década de 50 jornadas de caça à baleia, lembra que no momento em que um animal era avistado, o capitão do barco posicionava a embarcação e seguia a toda velocidade rumo ao alvo. O barco balançava fortemente ao ultrapassar as ondas em alto mar com o motor a toda força.

O artilheiro se posicionava junto ao canhão, na proa do barco. A cerca distância os motores eram desligados, a tripulação fazia silêncio absoluto, enquanto que o barco se aproximava da baleia. O disparo ocorria durante uma das subidas do enorme mamífero à superfície para respirar, quando a embarcação estava há cerca de 30 metros.

Com o tiro certeiro, o animal tentava, em vão, se desvencilhar do arpão encravado em seu corpo e preso por uma corda ao navio baleeiro. A baleia, ferida mortalmente, arrastava a embarcação ou mergulhava o mais fundo possível numa luta agonizante para se soltar. Os tripulantes aguardavam pacientemente a rendição do mamífero, que aos poucos perdia a força, a vida.

José Dantas de Oliveira conta que, então, a tripulação puxava o animal até a lateral do barco. Com um objeto cortante era feito um buraco na barbatana da baleia, onde era presa uma bóia-rádio, que emitia um sinal de localização. O navio baleeiro deixava à presa enquanto que se dirigia rumo ao sul, em busca de nova pesca.

No final do dia a tripulação retornava, prendia o mamífero à amurada do barco e voltava para a estação de Costinha, onde tinha início algumas horas de descanso para os caçadores do alto-mar.

Para outros trabalhadores da estação baleeira começava o trabalho do corte, limpeza e armazenamento das baleias, atividade que entrava pela madrugada. A indústria da caça à baleia funcionava 24 horas. No dia seguinte, os baleeiros levantavam âncoras.

Grande parte dos produtos derivados das baleias pescadas em águas paraibanas era exportada. Em João Pessoa, a carne de baleia era comercializada nos açougues do Mercado Central.

Baleias mais caçadas

Inicialmente, as gigantes Cachalotes com média de 21 metros de cumprimento, eram as preferidas. Quando se tornaram mais difíceis de serem achadas, resultado da diminuição da sua população; as Jubartes, com 16 metros de comprimento e pesando até 40 toneladas, passaram a atrair a atenção dos baleeiros.

Mas estas também começaram a escassear e o tipo Sei, com comprimento idêntico as Jubartes, mas com peso menor, variando de 20 a 30 toneladas, tornaram-se as mais caçada. Em seguida, foi a vez das Minke virar alvo preferido dos caçadores.

Apesar de serem mais raros, outros tipos de baleias também foram caçados na costa paraibana. O ex-baleeiro José Dantas de Oliveira lembra da captura de duas baleias da espécie Azul, com aproximadamente 27 metros de comprimentos: “Eram dois animais gigantes, raros de serem encontrados”. Essa espécie de baleia é o maior mamífero da Terra e pode atingir até 40 metros e peso de 100 toneladas. Atualmente existem pouquíssimos exemplares vivos.

Séculos de extermínio

As gigantes do mar se tornaram alvo dos humanos ainda na Idade Média. Entre os séculos XII e XVII o óleo de baleia servia à iluminação pública das cidades que surgiam. Países como Inglaterra, Holanda, Espanha e Portugal dominavam a captura destes animais. A Coroa portuguesa decretou, em 1614, o monopólio da pesca da baleia no Brasil Colônia.

Além do óleo, os cetáceos serviam como matéria-prima para a fabricação de sabão, velas e tintas. As baleias eram abatidas com arpões e armas de fogo no Brasil Colônia e arrastadas às praias do Recôncavo Baiano, onde escravos as dissecavam.

No final século XIX, com a revolução industrial e a concorrência de expedições britânicas, americanas, japonesas, russas e norueguesas, que vinham caçar baleias na costa brasileira, a atividade decaiu. Porém, no início do século XX voltou a crescer com o funcionamento de importantes estações baleeiras espalhadas pelo litoral brasileiro: Costinha, na Paraíba; Cabo Frio, no Rio de Janeiro; e Imbituba, em Santa Catarina.

O caráter industrial adquirido pela caça à baleia na década de 20 do século passado acelerou o processo de matança dos animais, reduzindo drasticamente as populações de cetáceas, ameaçando a própria sobrevivência das empresas baleeiras. Em 1946, a Comissão Baleeira Internacional (CBI), criou um “efeito dominó”, pois quando um tipo de baleia fosse desaparecendo os países deveriam passar a caçar outra espécie. A extinção era inevitável.

Um exemplo foram as baleias-fin, estimadas em 100 mil exemplares, atualmente não chegam a 2 mil no Oceano Antártico. Já as baleias azuis eram 250 mil indivíduos. Este número não chega a 400 indivíduos na mesma região, havendo risco real de extinção. Estima-se que mais de 2 milhões de baleias foram caçadas em todo o mundo no século passado. A média de animais mortos durante o período de pesca mundial de cetáceos, cujo auge ocorreu em 1961, ano em que foram mortos 70 mil indivíduos.

Em 1986, para conter a matança das baleias, a CBI declarou uma moratória da caça por tempo indeterminado. Contudo, mais de 14 mil cetáeas foram mortas após este período, sendo o Japão responsável pela metade deste número. A indústria baleeira japonesa apresenta ao mundo o argumento de “caça científica” para a captura dos animais, dizendo que o objetivo é reunir informações sobre o tamanho e a estrutura das populações desses mamíferos. Porém, os estudos podem ser feitos sem a necessidade da morte das baleias.

Já a Noruega não aceita a moratória e mantém a caça comercial de aproximadamente 500 baleias minke por ano e pretende ampliar sua cota comercial para 2 mil animais. A Islândia, outro país que prática a caça às baleias, retirou-se em 1992 da CBI.

A natureza em recuperação

A proibição da pesca da baleia foi a luz no fim no túnel para estes animais. Após duas décadas livres da perseguição dos barcos baleeiros no litoral brasileiro e, particularmente, paraibano, a população de cetáceas dá sinais de estar aumentando. A boa notícia é dada por ambientalistas e comprovada por antigos caçadores do mar.

“Com a proibição da pesca, dá para perceber que a natureza está repondo lentamente a população de baleias”, comenta Leandra Gonçalves, especialista da organização ambientalista não-governamental Greenpeace no Brasil. Mas vale a ressalva de que crescimento da quantidade dos maiores mamíferos da Terra é vagaroso. Ela lembra que o ciclo reprodutivo é demorado: “Uma fêmea na idade adulta só dá a luz a um filhote a cada dois, três anos”.

Mas as baleias estão vencendo a luta pela vida. Depois de serem perseguidas impiedosamente pela indústria baleeira em áreas de caça como o litoral paraibano e terem suas populações bastante reduzidas, já há relatos do aparecimento delas próxima à costa da Paraíba.

“Realmente próximo à proibição estava muito reduzido o número de baleias encontradas durante a pesca”, conta o tripulante de barco baleeiro José Dantas de Oliveira, acrescentando que atualmente é até possível ver baleias se aproximando do litoral do município de Lucena.

Ameaças do presente

Porém, a garantia da proibição da caça não representa segurança total para essas gigantes no mar territorial brasileiro. Outras ameaças existem para os cetáceos, apesar de fazerem menos vítimas que os barcos baleeiros que zarpavam de Costinha. A ambientalista Leandra Gonçalves aponta que a pesca com as chamadas redes de espera é um dos principais fatores para registro de mortes de baleias no litoral brasileiro.

“Os animais ficam presos nas redes e acabam morrendo exaustos”, comenta Leandra Gonçalves. Ela observa que foram constatadas ocorrências de baleias encontradas encalhadas mortas com marcas de redes no corpo, principalmente no rosto.

170 pássaros são apreendidos com traficante de animais no Pará

Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreenderam 170 pássaros na BR-230 em Marabá (PA), na quinta-feira (17). As aves estavam com um traficante de animais silvestres, que conseguiu fugir.

O homem viajava em um ônibus que seguia para Araguaína (TO). As aves estavam acomodadas em pequenas caixas de madeira escondidas na bagagem.

Segundo os fiscais, apesar da fuga, o traficante foi identificado pela polícia e será multado em R$ 85 mil, além de responder processo criminal.

As aves foram devolvidas à natureza em uma reserva florestal da região.

Fonte: Globo

Data: 20/6/2010 18:59:32

Centro de Controle de Zoonoses de Fernandópolis (SP) recolhe 392 animais em 2010

O Centro de Controle de Zoonoses (C.C.Z.) da Prefeitura de Fernandópolis acolheu este ano, 392 animais soltos no perímetro urbano e rural do município. Deste total, 208 são cães e 184 gatos.

Janeiro foi o mês de maior demanda. Foram acolhidos 121 animais, sendo 52 cães e 69 gatos. Já o mês de menor fluxo ocorreu em maio para cães, com o recolhimento de 32, e em fevereiro para gatos, onde foram acolhidos 16.

Todos os animais acolhidos pelo C.C.Z. são vacinados, castrados e disponibilizados, de forma gratuita, para adoção.

Atualmente, estão disponíveis no Centro de Controle de Zoonoses 68 cães – sendo 11 filhotes e 57 adultos – e 21 gatos, quatro são filhotes.

Para adotar um destes animais de estimação é muito fácil. Basta visitar os canis e gatis do C.C.Z. e escolher um que mais agrade.

Confira o relatório completo do número de animais acolhidos e adotados no município:

JANEIRO:

Acolhidos: 52 cães e 69 gatos
Adotados: 16 cães 12 gatos

FEVEREIRO

Acolhidos: 41 cães e 16 gatos
Adotados: 11 cães e 03 gatos

MARÇO

Acolhidos: 46 cães e 35 gatos
Adotados: 15 cães e 04 gatos

ABRIL

Acolhidos: 37 cães 23 gatos
Adotados: 27 cães e 01 gato

MAIO

Acolhidos: 32 cães e 41 gatos
Adotados: 13 cães e 03 gatos


Os proprietários que tiverem seus animais recolhidos têm prazo de cinco dias para retirá-los, a partir da data de apreensão. Caso não tenham sido procurados, os animais ficam sob a guarda da Prefeitura e poderão ser leiloados.

Para retirar os animais, os proprietários devem apresentar documentos de posse assinado por duas testemunhas idôneas e pagar as diárias. No caso de reincidência o valor é acrescido.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Bebidas quentes contribuem com aquecimento

O cafezinho e a pegada de carbono

Elas podem não ser tão cruciais quanto aquecimentos de casas, ou automóveis, mas bebidas quentes, dependendo de como as consumimos, podem significar uma fatia surpreendentemente grande de nossas pegadas de carbono.

Se você bebe quatro canecas de xá preto por dia, fervendo apenas a água necessária, isto vai resultar em 30 kg de CO2 por ano - o mesmo que uma viagem de 60 km em um carro médio. Com três grandes expressos por dia, em contraste, estamos falando de vinte vezes mais carbono, equivalente a um vôo sobre metade da Europa.

Seja lá qual for sua bebida preferida, o grande choque mesmo é o leite. Se você adicioná-lo no chá ou no café, ele vai responder por dois terços da pegada de carbono - mais do que ferver a água e cultivar o chá ou o café juntos. Uma razão para esta grande contribuição é que as vacas jogam muito metano na atmosfera, informa o Guardian.

Desastre do Golfo provoca reação na África

Shell faz revisão de operações na Nigéria

A Royal Dutch Shell fez uma revisão da segurança de suas operações na Nigéria, depois do desastre da BP no Golfo do México, e será alvo de atenção muito maior por seu criticado desempenho ambiental no país.

As reservas da Shell na Nigéria, maior produtor de energia na África subsaariana, estão entre as maiores do grupo anglo-holandês. Mas, junto com outras empresas, a Shell tem sofrido críticas severas de grupos ambientais no delta do Niger, onde há constantes vazamentos.

“Assim que aconteceu o problema com a BP nós obviamente tivemos de revisar todos os nossos processos, procedimentos e técnicas", disse ao Financial Times Mutiu Sunmonu, presidente da Shell na Nigéria. A empresa diz estar satisfeita com suas salvaguardas, que são "robustas", acrescentou Sunmonu.

Indianos querem novas leis de reciclagem

Tila Byehta é um vilarejo nos arredores de Nova Delhi com uma peculiaridade: é um cemitério de aparelhos eletrônicos que impulsionam a era da informação na Índia. Peças queimadas de computador se espalham pela rua principal. Placas verdes de circuitos estalam sob os pés de crianças que correm em meio à sujeira. E em barracos sem iluminação ou janelas, mulheres usam chamas para tirar cobre de fios derretidos.

O rápido crescimento econômico da Índia gera mais de 500 mil toneladas de lixo eletrônico por ano, e deve chegar a um milhão de toneladas em 2012. As peças de computadores e celulares obsoletos são desmontadas e recicladas manualmente por centenas de milhares de pessoas em pequenas cidades do país.

Críticos dizem que o trabalho representa risco para pessoas e ambiente, e legisladores estão considerando a criação de grandes plantas de reciclagem, com práticas ambientalmente seguras para o manejo de lixo high-tech tóxico. A lei também proibiria a importação de computadores por "caridade" ou "reutilização" de países como os Estados Unidos, uma prática que começou nos anos 1990, quando os computadores eram muito caros na Índia. Funcionários do governo afirmam que as doações se tornaram um disfarce para usar o país como depósito de lixo eletrônico, diz o Washington Post.

Congressistas dos EUA dizem que BP ignorou riscos no Golfo do México

O diretor-executivo da petroleira britânica BP, Tony Hayward, ouviu nesta quinta-feira (17) duras críticas de congressistas americanos, que acusaram a empresa de ter ignorado os riscos da exploração de petróleo no Golfo do México.

“Nós não conseguimos encontrar nenhuma evidência de que vocês prestaram atenção aos enormes riscos que a BP estava assumindo”, disse o presidente da Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes (deputados federais), Henry Waxman, em audiência sobre o vazamento de petróleo no Golfo.

“Nós revisamos 30 mil páginas de documentos da BP, incluindo seus e-mails. Não há um único e-mail ou documento que mostre que vocês prestaram a menor atenção aos riscos desse poço”, disse Waxman, referindo-se ao acidente com a plataforma operada pela BP, que ocorreu no final de abril e causou o vazamento.

“A complacência corporativa da BP é espantosa”, afirmou o deputado democrata.

Waxman disse ainda que há uma “completa contradição” entre as palavras e as ações da BP.

“Você foi trazido para fazer da segurança a prioridade da BP, mas sob sua liderança a BP assumiu os mais extremos riscos”, afirmou o congressista, ao se referir a Hayward.

“A BP cortou aqui e ali para economizar US$ 1 milhão aqui, algumas horas ou dias ali, e agora toda a costa do Golfo está pagando o preço.”

Desculpas – Após ouvir as críticas dos congressistas, Hayward pediu desculpas pelo desastre e disse que a empresa não vai descansar até resolver o problema.

Quando se preparava para começar a falar, o executivo foi interrompido por uma mulher, que protestava aos gritos e com as mãos sujas de preto e teve de ser contida pelos seguranças.

Só após a manifestante ser retirada do local, Hayward iniciou seu depoimento.

“A explosão e o incêndio na (plataforma) Deepwater Horizon e o resultante vazamento de petróleo no Golfo do México nunca deveriam ter acontecido, e eu lamento profundamente que tenham”, disse o executivo.

“Entendo o quão séria é a situação. É uma tragédia”, afirmou.

“Eu sei que apenas ações e resultados, e não meras palavras, poderão dar a vocês a confiança que buscam. Eu dou a minha garantia, como líder da BP, de que nós não vamos descansar até que tenhamos consertado isso”, disse Hayward.

O executivo afirmou ainda que a BP é “uma empresa forte” e que não vai poupar recursos.

“Nós e toda a indústria vamos aprender com esse terrível evento e emergir mais fortes, sábios e seguros.”

Na quarta-feira, após uma reunião de mais de quatro horas com o presidente Barack Obama, a cúpula da BP concordou com a criação de um fundo independente no valor de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões) para pagar indenizações às vítimas do vazamento.

A empresa anunciou também que vai suspender o pagamento de dividendos a acionistas neste ano, o que era uma demanda do governo americano, para garantir que as vítimas sejam compensadas.

Vazamento – O vazamento no Golfo do México é o principal desastre ambiental da história americana e começou em 20 de abril, quando a Deepwater Horizon, operada pela BP, explodiu e afundou, matando 11 funcionários.

Desde então, inúmeras tentativas de conter completamente o vazamento de petróleo fracassaram.

A técnica mais recente utilizada pela BP, um dispositivo sobre o poço danificado, que está a cerca de 1,5 mil metros de profundidade, tem conseguido conter apenas em torno de 18 mil barris por dia.O volume coletado ainda é insuficiente para interromper o vazamento, estimado entre 35 mil e 60 mil barris de petróleo por dia.

Um segundo dispositivo está sendo colocado no local do vazamento.

A BP afirma que já gastou mais de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões) desde o início do vazamento.

O valor das ações da empresa já caíram pela metade desde abril.

Nesta quinta-feira, porém, depois do anúncio da criação do fundo, as ações da empresa fecharam em alta de 6,74% na Bolsa de Londres.

Mudança na cor de água de represa preocupa moradores em MG

Moradores de Poços de Caldas (MG) estão preocupados com a mudança no aspecto da água de uma represa que abastece parte da cidade. Um deles reclama da mortandade de peixes. Nas partes mais profundas do reservatório, a água parece verde.

O Departamento de Água e Esgoto realizou exames preliminares, que indicaram alta concentração de flúor. Outros testes estão sendo realizados. De acordo com o departamento, a água mudou de cor há cerca de um mês.

Enquanto as análises não forem concluídas, o departamento reduziu a captação da represa. Segundo a administração municipal, a medida é preventiva, pois os exames não revelaram presença de metais pesados e substâncias tóxicas.

“Nessa bacia, temos uma série de empresas, mineradoras e projetos agrícolas. Então, vamos pesquisar”, disse o diretor do departamento, Armando Bertoni. “Por enquanto, estamos tranquilos. Nossa água continua com excelente qualidade.”

Peixe recém-descoberto está ameaçado por vazamento no Golfo

Uma espécie de peixe descoberta há pouco tempo no Golfo do México já corre o risco de desaparecer por causa do vazamento de petróleo da BP, segundo pesquisadores da Louisiana State University (LSU), nos Estados Unidos.

O Halieutichthys aculeatus, chamado em inglês de pancake batfish (“peixe-morcego panqueca”, em tradução livre), vive a cerca de 400 metros de profundidade. A espécie foi descoberta há cerca de seis meses pelo biólogo Prosanta Chakrabarty, da Universidade do Estado da Louisiana (LSU, na sigla em inglês).

O peixe leva este nome por ser achatado e redondo como uma panqueca, apesar de ser muito menor que uma. Segundo Chakrabarty, “se você faz um formato oval com seu dedão e o dedo indicador, você tem aproximadamente o tamanho dele”.

“Eles são realmente esquisitos”, afirmou o biólogo. “Muita atenção é dada à carismática megafauna, as baleias e as tartarugas, mas nós não podemos dizer o que está acontecendo abaixo da superfície.”

Chakrabarty alerta que o vazamento de petróleo está ocorrendo no nível do habitat destes peixes, o que pode dizimar a espécie no Golfo do México.

Alimento de atum – O peixe passa a maior parte de seu tempo descansando sobre o fundo arenoso do Golfo do México, já que ele não nada, mas pula sobre o solo com a ajuda de nadadeiras.

“Durante minha expedição pela LSU nós pescamos cerca de 100 mil peixes e apenas três eram peixes-morcego panqueca. É difícil estimar qual é a população deste tipo de peixe, mas se eles são raros em museus, eles devem ser raros no mar”, disse Chakrabarty.

De acordo com o biólogo, a BP e o governo pioraram a situação para as espécies que vivem no fundo do mar ao injetar imensas quantidades de químicos para dispersar a mancha de óleo.

“Apenas porque é abaixo da superfície não quer dizer que não está causando danos. Significa apenas que nós não sabemos quais são as consequências”, afirmou Chakrabarty à estação de rádio pública americana NPR, que traz em seu website um quadro com a contagem em tempo real da quantidade de petróleo vazada no oceano.

A cientista Samantha Joye, da Universidade da Geórgia, faz parte de uma equipe de pesquisadores que está mapeando uma imensa mancha de água poluída a cerca de 20 km a oeste e sudoeste do poço que está vazando.

Esta mancha teria mais de 3 km de extensão e cerca de 600 m de profundidade.

“Quanto mais perto do poço as amostras foram coletadas, maior a concentração de óleo e gás. Outros cientistas independentes encontraram diversas outras manchas, e cientistas do governo também estão fazendo essas buscas. Mas até agora, a BP diz que não pode confirmar que a (plataforma que explodiu e afundou) Deepwater Horizon está criando grandes manchas submarinas”, afirmou Joye à NPR.

Apesar de não se saber ao certo em que nível da cadeia alimentar o peixe-morcego panqueca se encontra, alguns foram encontrados nos estômagos de atum e do marlim.

Chakrabarty, que pretende registrar a descoberta da espécie em agosto, diz que até lá é capaz de o peixe não existir mais.

A possibilidade da espécie desaparecer está alarmando os cientistas, que dizem ser impossível estimar os impactos do vazamento da BP em longo prazo.